08 novembro 2009

Sublevação das Caldas da Rainha

«Pela Secretaria de Estado da Informação e Turismo foi distribuída a seguinte nota:

"Na madrugada de sexta-feira para sábado alguns oficiais em serviço no Regimento de Infantaria 5, aquartelado nas Caldas da Rainha, capitaneados por outros que nele se introduziram, insobordinaram-se, prendendo o comandante, o segundo-comandante e três majores e fazendo em seguida sair uma companhia autotransportada que tomou a direcção de Lisboa.

O Governo tinha já conhecimento de que se preparava um movimento de caracteristicas e finalidades mal definidas, e fácil foi verificar que as tentativas realizadas por alguns elementos para sublevar outras unidades não tinham tido êxito.
Para interceptar a marcha da coluna vinda das caldas foram imediatamente colocadas á entrada de Lisboa forças de Artilharia 1, de Cavalaria 7 e da G.N.R..
Ao chegar perto do local onde estas forças estavam dispostas, e verificando que na cidade não tinha qualquer apoio, a coluna rebelde inverteu marcha e regressou ao quartel das Caldas da Rainha, que foi imediatamente cercado por unidades da Região Militar de Tomar.

Após terem recebido a intimação para se entregarem, os oficiais insubordinados renderam-se sem resistência, tendo imediatamente o quartel sido ocupado pelas forças fiéis, e restabelecendo-se logo o comando legítimo.
Reina a ordem em todo país."

"Os acontecimentos da sublevação

Cerca de 300 homens, deslocando-se em quinze viaturas, deixaram pelas 5 horas da madrugada de ontem o Regimento de Infantaria nº 5 nas Caldas da Rainha.
Comandavam-nos oficiais daquela unidade que momentos antes, haviam dominado o comandante, 2º comandante e três majores de guarnição.
A coluna avançou sobre Lisboa, passando por Santarém. Em Alverca, forças da G.N.R. e do Governo Militar em Lisboa barravam-lhe a passagem. A coluna retrocedeu, então, para o quartel, onde se verificou que faltava uma das viaturas, que se terá perdido na serra de Montejunto.
Às Caldas chegou, cerca das 13 horas, uma força militar autotransportada, sob o comando do 2º comandante da Região Militar de Tomar, sr. brigadeiro Pedro Serrano. Cercado o quartel, foram as forças rebeldes intimadas render-se.
Dado um prazo aos sitiados para se rendem, estes aceitaram a rendição passados cerca de 10 minutos, tendo os respectivos termos sido objecto de conversações até cerca das 21 horas.
Vários oficiais foram detidos e, ao que se supõe, levados sob prisão para Lisboa.
Continuava, entretanto, a desconhecer-se o paradeiro da viatura e do pelotão desaparecidos no regresso no quartel.
Entretanto, às sete horas da manhã na Estrada Nacional nº 1 tinham sido montados numerosos dispositivos de segurança com unidades do Exército, da G.N.R., da P.S.P. e da D.G.S. Vários sentidos de trânsito tiveram que ser desviados. Esta situação causou graves transtornos na circulação automóvel e, como é de calcular; interrogações das populações.
Em Lisboa, aviões e helicópteros da Força Aérea sobrevoaram a cidade, tomando indicações e posições. A cidade, por volta das 19 horas, estava, porém, mais calma".»

Em: Jornal de Notícias, de 17 de Março de 1974

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