22 agosto 2009

Linha do Vale do Vouga


A 29 de Janeiro de 1907 são publicados os estatutos da “Compagnie Française pour la Construction et Explotation de Chemins de Fer à L’Etrange”. A 5 de Fevereiro de 1907 é assinado o contrato de concessão da Linha do Vale do Vouga. O troço Espinho - Oliveira de Azeméis é inaugurado a 23 de Novembro de 1908 por D. Manuel II, correspondendo ao compromisso assumido pelo pai, o rei D. Carlos, assassinado em 1 de Fevereiro desse ano. Os trabalhos seguiram com a assistência de D. Manuel II; inicia-se a exploração até à estação de Sernada do Vouga em 1911; de Sernada a Vouzela e Bodiosa a Viseu, em 1913; de Vouzela a Bodiosa, em 1914.
É aprovado em Fevereiro de 1909 a construção do Ramal de Aveiro, ligando a estação de Aveiro à linha do Vale do Vouga em Sernada do Vouga. Nesse mesmo mês, é aprovado o projecto das instalações para o entroncamento do ramal da Linha do Vale do Vouga com a Linha do Norte em Aveiro.
È concluído o ramal em Setembro de 1911. Em 7 de Julho de 1923, em assembleia geral, fica decido a nacionalização da companhia, sendo aprovados em 01 de Abril de 1924 os estatutos da nova empresa que passa a ser designada por “Companhia Portuguesa para a Construção e Exploração de Caminhos de Ferro” A Companhia tem como objectivo construir e explorar as Linhas do Vale do Vouga.
Em 30 de Dezembro de 1946 é assinada a escritura da transferência da concessão da Companhia do Vale do Vouga para a CP.

O serviço no troço Sernada - Viseu esteve suspenso desde o início da década de 1970 até 1974, tendo o encerramento da linha sido justificado com a ocorrência de incêndios florestais, alegadamente provocados pelas locomotiva a vapor.
Após o 25 de Abril, a linha é reaberta e os comboios a vapor são substituídos por automotoras.

No entanto, nos finais de 1989 fica decidido o seu encerramento definitivo, que acabaria por acontecer em Janeiro do ano seguinte.

Descrição geral da linha

A via possui um perfil bastante acidentado, com rampas e declives que chegam a atingir os 25‰ e muito sinuoso, com curvas e contra-curvas, tendo algumas delas raios que não ultrapassam os 90 metros.
Algumas trincheiras atingem 12 metros de cota (Vila da Feira). A obra de arte mais notável é a Ponte do Poço de Santiago.
Até Dezembro de 1989 era possível ir até Viseu, utilizando as automotoras Allan, a uma velocidade máxima de 45 kms/h. No dia 1 de Janeiro de 1990, o troço Sernada-Viseu fechou as suas portas para sempre.

" A Linha do Vale do Vouga, na extensão de 60 Km, atravessa os Concelhos de Estarreja, Sever do Vouga, Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, bastante populosos e cultivados. Ainda sob o ponto de vista mineiro, merece esta linha particular atenção: é nesta região, que já hoje se acham em activa exploração as Minas de Chumbo de Braçal, Malhada e Coval da Mó, além de outras de Cobre: - Palhal e Telhadela. Prolongada até Vizeu, esta via férrea seria a comunicação mais directa entre esta cidade e o Porto. Desta maneira, seria a distância de Vizeu à Linha do Norte de 88 Km, o que em relação ao Porto, importaria num encurtamento de 41 Km sobre o trajecto pelo Ramal de Vizeu à Linha da Beira-Alta". 1

A Primeira via férrea da Beira Alta

A riqueza económica do Distrito de Viseu, tornou-o desde longa data, preferido para construções
ferroviárias, e Viseu, sua capital, já em 1856 era indicada para ser o ponto principal da Linha do Norte, do qual deviam partir dois eixos ferroviários: um para o Porto e o outro para a região de Trás-os-Montes, em direcção a Zamora, a caminho do Norte de Espanha e de França.
Esta ideia foi posta de parte, mas volvidos anos, várias individualidades interessaram-se pela construção de vias férreas neste distrito e após alguns estudos, foi o Distrito de Viseu cortado em diversas frentes por caminho de ferro. A primeira linha férrea projectada nesta região, foi a da Beira-Alta e o Ramal de Nelas a Viseu, no ano de 1877.
Além da linha da Beira-Alta, outra se tornou a estudar, para servir de elo de ligação ao comércio
Beirão e o Norte do País, zona principal da sua expansão.
Naquela época, em 1877, foi nomeado para estudar este projecto, o Eng.º Mendes Guerreiro. Este projectista, mostrou o reduzido interesse do caminho de ferro americano de tracção animal, entre Oliveira de Azeméis e a cidade do Porto, por S. João da Madeira. O Eng.º M. Guerreiro, preconizava uma linha que partisse de Estarreja e fosse entroncar na Linha de Samta Comba Dão a Viseu (mandada estudar em 1875), e considerava-a como um ramal da Linha do Norte


Ponte do Poço de Santiago - verdadeira obra monumental, toda ela construída em alvenaria e com 28,5 metros de altura, constituindo um símbolo de identidade de toda a região.

A ponte insere-se num recanto natural verdadeiramente paradisíaco de verdes matizantes das montanhas que desaguam languidamente nas águas do rio Vouga, donde sobressai pela sua imponência, majestosa e sóbria, transmitindo uma imagem ímpar de beleza natural e artística. Vários estudiosos defendem ser esta a mais alta ponte do país construída em pedra. Com 165 metros de comprimento, é constituída no seu todo por 12 arcos de tamanhos vários. O maior, de forma parabólica, abraça firmemente as margens do rio Vouga, tendo de altura 27 metros e de vão (comprimento da base) 53 metros. O fecho deste arco, o central, apresenta apenas 90 cm de espessura. Os restantes 11 arcos partilham da base do arco maior, havendo uma duplicidade de soluções geométricas e de engenharia verdadeiramente arrojadas.A construção da Ponte do Poço de Santiago remonta ao ano de 1913, tendo sido necessários 3 a 4 anos para a sua conclusão e teve como orientador no terreno o engenheiro francês F. Mercier.



A ponte férrea de Vouzela sobre o rio Zela datada dos finais de 1915 com 15 arcos em alvenaria.










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1. Relatório que antecede a proposta da construção da Linha do Vouga

Bibliografia:
-Municípios de:
Sever do Vouga
Vouzela
Espinho
Aveiro
Viseu
-Linha do Vale do Vouga por Pedro Zúquete (recomendado)
-CP
-Postal de Vouzela
-Wikipédia.org

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